�Como é dançar com uma máquina? Acabei de surgir do Japão, onde tenho estado com um projeto sobre o assunto inteligência artificial. Um computador pegou todos os meus dados e os meus passos e, a partir daí, a máquina gera outros ritmos e tenta avançar por si só. A obra se chama de ‘Israel e Israel’. A inteligência artificial nos rodeia e pensa por nós, como nos e-mails do Google que se dizem ‘você gosta disso, você assim como pode gostar disso outro’. A ideia é obedecer a essa máquina, fazer um show com ela e a dança como um espelho, com um mesmo.

O contexto é um campo mágico e parece que a máquina tenha qualquer coisa. O público também está ligada e a análise das vibrações. Como será este show em Portugal? É qualquer coisa muito recente que fizemos no Japão, porém com toda certeza terá outros websites. Eu tenho minhas turnês, porém me chamam para tudo.

eu Sou como um porquinho da índia com o flamengo. A quem chamamos para testar isto? O que bailaor não se assusta? E pensam em mim. Faço muitas atividades paralelas. Agora não é como antes, quando tudo o que havia era fazer turnê com a companhia e nada mais. No momento em que o primeiro flamengo colocou um microfone ou gravou um disco abriu a época de defeso.

E, a partir daí, a inteligência artificial. Eu amo de arte e dança me serviu para desabafar. A arte em geral é muito respeitável e todas as pessoas devem de um pouco: pintura, ler e até já o futebol poderá ter arte. Como não sou muito sociável, a dança me serve para me aproximar das pessoas. Seus pais, dois bailarinos clássicos, como Sempre, com o último que eu faço ficam surpresos, todavia não costumam me olhar em razão de estão fora.

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Assim evitam ir um mau bocado. Pois imagine isso com o flamengo. Mas você encontrou a conexão entre Kafka e o flamenco.As obras que eu faço isso segundo a maneira como me veja ou em que momento da minha existência. Via movimento e vibração. Os puristas negam A Criança de Elche e criticam a Wikipédia.Quando ouço documentários a respeito de Paco de Lucia, Carmen Amaya ou Farruco, a eles no começo os críticos questionavam, entretanto depois tornaram-se clássicos. O flamengo tem um gene que é revolucionário. O vasto é que evolui, é uma célula. Às vezes dizem: ‘isto não é flamengo’ e a mim me disseram, todavia tem que se deixar surpreender e compreender com os jovens.

O equilíbrio está em não esquecer dos professores e na aprendizagem dos jovens. Eu estou nessa faixa. Você contou em seus shows com bandas de rock como Lagartixa Nick. Sem cobiçar me passam coisas. Claro, estavam acostumados a olhar um quadro de dança e até grupos de rock, e você vai e se dá com um guitarrista e surpreende. Não é de surpreender por surpreender ou por modas ‘fashion’, no entanto mover, fazer debate e discussão.

Eu estou de acordo com que a gente dança e o mundo todo fique feliz e contente, como O rei leão, que é um sucesso, todavia pra mim precisa existir qualquer coisa mais. Não era dança contemporânea, era flamengo.

A Morente lhe alegou ‘você precisa olhar este bailaor que há coisas muito modernas’, entretanto no momento em que me viu soltou ‘no entanto se esse é muito velho”. O afeto bruxo’ de Falha é lançado já há 104 anos. O que oferece o espetáculo que estreou no Festival de Jerez que não tenha sido já?